segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Arte de Ensinar

Seria o ato de ensinar uma arte? Eu acredito que sim. Tanto quanto a literatura ou a pintura, ensinar é uma arte, uma forma de passar uma mensagem que depende sobretudo da criatividade humana e do uso de símbolos, da disposição do professor e sua capacidade de gerar disposição nos alunos.

A educação pode ser uma ciência que estuda aspectos sociais e os processos e contextos educacionais. Mas o ensino, o ato de ir até a classe e dar uma aula, isto é uma arte.

Assim como em qualquer arte existem diversas escolas artísticas, no ensino existem vários tipos de professores. Ainda não sei me enquadrar em alguma categoria, mas nestes dois anos letivos mantive em minha postura um reflexo da mentalidade aberta e progressista que procuro ter. É preciso ter criatividade sempre e inovar, não ter medo de ousar novas técnicas e por outro lado, não ter preconceito com métodos por mais antiquados que possam parecer.

O importante é fazer aquilo que as maiores obras de arte fizeram em seu tempo, sejam as peças de teatro ou os quadros mais bem elaborados: conseguir proporcionar idéias, levantar polêmicas, cutucar a curiosidade.

A preparação de uma aula é como levantar as bases, os traços iniciais de um quadro. Analisar o que o aluno deverá desenvolver em cada pedaço da aula e pensar que tipo de explicação, quais exemplos vão surtir melhor efeito. Aplicar a aula é como colorir o quadro. Não tem volta, o que você conseguir fazer naqueles 50 ou 100 minutos terá sido o resultado.

Adoro minha profissão porque eu a escolhi. Um dos momentos que mais gosto desta proifissão é corrigir as provas. A cada prova corrigida, você lembra da cara do aluno olhando para você na aula ou o que ele dizia, ou como se comportava. Então, em cada questão você percebe o quanto ele realmente aprendeu e cada questão correta e escrita de maneira inteligente é uma vitória.

Admito que uma das coisas que mais consegue me deixar chateado, ou pelo menos intimado a me esforçar mais é quando algum aluno o qual eu sei que tinha condições de ir muito bem, não vai. Não consegue responder. E em grande parte, sempre, é porque não consegui evitar que os alunos mais prejudiciais da sala fossem neutralizados.

Acima de todas as coisas, acredito que, melhor que as obras de qualquer arte, deva ser a postura do artista. Neste caso, como professor, é preciso ser o exemplo. Antes de tudo, gostar de sua profissão, mostrar que isso é possível, que é perfeitamente possível que os alunos escolham suas profissões e gostem delas também.

Estar sempre disposto também é preciso, para cobrar disposição de todos. Ser paciente para ouvi-los e assim, abrir espaço para os mais críticos (afinal, eu sempre fui!) para que desenvolvam sua criticidade e despertem isso nos outros, dar um voto de confiança para cada um dos alunos, para não enterrar um talento antes mesmo de deixar que ele se manifeste, talvez de surpresa. Dosar todas estas virtudes para que não se tornem abusivas é o acabamento da arte.

Enfim, é preciso entender que o artista se torna uno com a arte. Com isso, é preciso conversar, se deixar acessar, não apenas ver o aluno como alguém com quem você fala sobre a matéria, mas ouvir suas opiniões e não ter medo de falar as suas opiniões também, trata-lo como pessoa e deixar perceber que você se esforça, que você também erra e que sua força não está em nunca falhar, mas em sempre lutar e sempre ter esperança no sucesso.

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