sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Qual o sentido de sua vida?

Quem pode responder? As religiões dizem que todos possuímos um sentido subordinado à um conjunto de normas e valores morais determinados por alguma divindade. Penso que se isto fosse verdade, não haveria mais necessidade em existir, uma vez que tudo já estaria definido e nada mais precisaria ser criado. Se eu morresse, do ponto de vista coletivo, não faria diferença alguma, porque haveria outros que pudessem seguir as normas estabelecidades.

Na verdade, sequer precisariam existir animais racionais, uma vez que a própria capacidade criativa e inovadora do homem seria nociva para a religião, notóriamente conservadora e enraizada em dogmas. Não é atoa que o espírito revolucionário próprio de seres inquetos como os humanos é sempre criticado como "subversivo" ou "libertino" por líderes religiosos. Assim, seria mais conveniente que apenas existissem ovelhas, como o animal dominante sobre o planeta. Vem daí a comparação entre religiosos e o rebanho, o pastor e suas ovelhas.

Como o sentido religioso apenas faz com que não haja um sentido da própria existência, a religião é em verdade, o próprio niilismo, uma vez que faz apologia ao nada, a nenhuma mudança, a nenhuma transformação humana que para eles, iria de encontro aos preceitos já estabelecidos por alguma entidade superior (Deus). É preciso então buscar um sentido próprio. É preciso entender que nós existimos e temos um cérebro justamente para que ele encontre utilidade, para que crie um sentido para sua própria existência.

Assim, não existe tabu inquebrável, embora você não precisa quebrar todos. Não existem valores imutáveis, embora você não precisa romper com todos. Não existe bem e mal porque não existe quem defina o que são, embora deva saber que sair prejudicando todos os que encontrar pela frente provavelmente vai fazer com que você saia prejudicado por alguém também.

Sartre disse que a essência, o sentido da vida surge após o nascimento e cada um deve buscar o seu. Penso que aí se inclui a morte também. Se durante nossa vida, estamos criando e formando o sentido dela, a obra estará será terminada - porém nunca pronta, quando morremos. Muitas vezes, quando escrevo, me preocupo em deixar um bom acervo sobre meus pensamentos, opiniões, idéias e tudo mais, para que não morram comigo. Não sei dizer se é uma contribuição significativa. Talvez ainda não, mas eu também não cesso de escrever. Sinto-me como construindo um castelo, tijolo por tijolo, seja quando dou aulas, seja quando exponho minhas idéias, seja quando minhas atitudes vão de acordo com o que penso e seja quando escrevo algo.

O sentido da vida, para mim, é construi-la, não caindo nos obstáculos, mas tornando-os parte da construção porque todos nós conhecemos o óbvio sorriso de satisfação de um cara feliz, neste ponto, somos todos humanos iguais, mas é diante dos desafios que as pessoas se distinguem. Que o ouro se diferencia de uma mera pedra reluzente. Por isso, mesmo não acreditando em bem ou mal, possuo meus princípios ao agir, que vão de acordo com o que eu penso, faço de minhas ações um exemplo daquilo que eu mais gostaria de expressar. Não me preocupo e nem me importo em fazer o bem e nem em ser humilde e modesto, escondendo o que eu realmente penso. Me preocupo em agir de acordo com o que eu defendo, em encontrar desafios e tornar minha existência mais e mais forte para que algum dia eu perceba que ela tem um significado.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Nunca acreditei em inferno astral

Quando eu digo que este mês eu já tomei o ônibus errado e fui parar em umas ruas sinistras do Macuco ou que perdi a chave e fiquei uma madrugada sem conseguir entrar em casa, tudo o que eu desejaria é que as duas linhas acima fossem apenas metáforas para dizer que estive imerso em tédio e sem rumo para meus primeiros dias de férias. Talvez sejam mesmo metáforas, mas tão reais que aconteceram mesmo.

Só que isto não foi tudo. Aliás, sequer o mês acabou. Resolvo então virar a página e ver o que mais dezembro me reserva. Eis que daí encontro minha foto, é o jornal, tem uma reportagem sobre mim, como um cara responsável e um jovem exemplar. É preciso então mudar o tom, quebrar tabus, separar os frescos daqueles companheiros que realmente querem ação e transformar o tédio em festa. Quer exemplo maior para mim do que ter ido à praia e ficar queimado de sol? (eca! Não acredito que você fez isso, Felipe!)

Agora olho para o céu, está com uma cor rosada e com estrelas. Eu costumo dizer para algumas pessoas que é como se estivéssemos dentro de uma grande Fanta Uva. Que gelada, cairia muito bem nesse calor. Então, por favor, me dê uma de natal! Não importa que eu despreze natal, gosto dos pinheiros, das luzes, do ambiente comercial porque estes desvirtuam totalmente uma festa que poderia ser cristã, para o desespero engraçado dos cristãos mais fanáticos e medievalescos, fazendo com que ela se torne a festa mais nonsense do ano.

E ainda restam cinco dias inteiros. Por que eu acreditaria em inferno astral?

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Somos amigos em terra, somos amigos no mar

Resolvi hoje que deveria olhar com atenção e dar valor às pessoas que gostam da minha companhia, que gostam de mim e que prezam pela minha amizade. Acho que incontáveis vezes fui egopista, individualista ou mesmo os critiquei. Mas mesmo assim, eu continuo tendo estes amigos que seguem ao meu lado. Existem dois tipos de amigos e você nunca saberá qual tipo de vinculo você tem com a pessoa em questão até que algo de ruim ocorra.

Da mesma forma que eu penso que aquilo que não nos derruba de vez, apenas nos fortalece, eu penso que uma amizade não se mede por palavras doces ou por momentos felizes. Mas por vezes em que ela passou por momentos críticos e não se derrubou!

Existem aquelas que na primeira crise, na primeira intriga, a amizade se esfacela. Se mostrava superficial, efêmera, frágil. Não vale a pena ser cultivada. Existem aquelas, porém, que persistem. Aquelas que você não apostava muito, mas que permanecem. É preciso valorizar estas pessoas.

E não digo valorizar por uma questão de necessidade de ter amigos, mas por uma questão de afinidade, de ter boas companhias e de lealdade.

Hoje eu acordei com uma vontade de mostrar isso. Não que isso seja muito relevante, mas é simbólico: resolvi escrever sinceramente para cada um dos meus amigos que considero como sendo do segundo tipo - das resistentes, das fortes e afirmando porque são importantes pra mim. Com todos eles eu já dei alguma mancada ou eles já deram comigo, mas é valioso que nada disso nos derrubou, juntos fomos a guerra e juntos estamos no bar!

Liberdade e Moral

Barreiras rompidas, é a faculdade que se acabou. Sinto-me livre, leve. Feliz em ter, quase uma década atrás, escolhido ser professor, porque o que mais gosto de fazer é dar aulas.

Além disso, sinto-me tão bem em saber da pessoa que me tornei, em morar sozinho, em ter gatos, em ser agnóstico, em ser leitor assíduo de autores que sempre tive vontade de ler, em manter com velhos amigos um vínculo que nunca morre.

É a maturidade crescente e notória a cada vez que compro novas roupas ou quando escuto novas músicas e converso com as pessoas.

Se eu olhasse pra trás, diria que o caminho até aqui teve muitos erros de percurso, muitas falhas, mas que no geral, só posso me orgulhar do que eu sou. Me sinto livre, cada vez mais livre dos valores morais, da hipocrisia dos conservadores, não por eles não existirem, mas por eu ser cada vez mais forte e indiferente a todas as besteiras cotidianas. Mesmo quando estou sozinho, não preciso me sentir só, eu realmente sinto que é melhor do que estar mal acompanhado de moralistas e hipócritas orgulhosos de sua quixotesca existência.

O que eu preciso nesse momento é de ação, é de novos desafios.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Nichts Bewegt Sich

Nada se move.

Era uma noite. Céu aberto, mas luzes ofuscavam as estrelas. Mal se viam elas e para completar, era uma noite sem lua, faltou o seu brilho, tornando aquela uma noite de sensações incompletas.

Foi então que a festa acabou, guardem as máscaras, desfaçam a maquiagem, deixem o que resta para os sonhos, fechem as portas.

Chega o momento de uma longa travessia. Ruas desertas. Era o unico espectador do palco de cada esquina que guardava uma lembrança, de sonhos despedaçados, de aventuras errantes, de amores impossíveis, de amigos que passaram por cada época, fragmentos de uma saga sem fim. - "a minha saga" - pensava então enquanto procurava pela esquina que lhe traria o futuro, o caminho, o tesouro esquecido.

No fundo, pensa, nada se move. Continua andando em circulos. Perdido, anda porque procura pelo poder que estava em si. Cheio de esperança, olha para dentro de si, mas não vê nada, não encontra as respostas. Por isso segue, mas a travessia é impiedosamente solitária, aonde irá levar?

domingo, 2 de dezembro de 2007

Stolzes Herz

Como uma sombra atravessa as noites frias, ninguém sabe para onde vai ou de onde veio, ou talvez nunca tenham se perguntado. Segue seu rumo, passa por sorrisos, bebidas, rodas de amigos, música. Apenas passa.

Por que?

O que procura? O que tanto observa meticulosamente nos sutis gestos e nos atos das pessoas tão previsíveis e tão controlados por valores que ignora? Pensando assim, talvez este mundo não lhe sirva. Será mesmo? É preciso seguir e conhecer para descobrir.

Se a vida é um teatro, pode também ser um monólogo, mas não há ainda como se dizer se trágico ou se uma comédia. Talvez a atuação errante onde não entendeu a piada que todos já sacaram e já descartaram. É realmente tão sagaz a ponto de, cada vez mais diante de todos, não escapar do labirinto de perguntas que teceu inevitavelmente pela criticidade que foi dotado? Talvez esta seja a piada. Talvez o fim seja a tragédia, uma lição moral.

Isto não pode ser verdade. Uma lição moral é o pior propósito a que os esforços poderiam se prestar, é preferível aceitar que não se é deste mundo a servir à limitação moralista.

Por outro lado, não pode a sorte ajuda-lo? Não pode ela, compensa-lo por todas as vezes em que esteve ausente, assim como em algumas vezes em que se fez presente? Não se sabe, como diz Maquiavel, não é bom depender das escolhas da fortuna. Mas, seria bom se apenas esta vez não precisasse contar apenas com seus próprios esforços, que sente estarem cada vez mais estéreis.

O que acontecerá? O que os ventos trarão? Está sempre preparado para as batalhas que aparecem, mas sequer as batalhas lhe aparecem, o ambiente emocionalmente deserto despe qualquer dessas qualidades e, como um peixe em um aquário, só se pode observar as reações que qualquer um teria, sem distinguir suas qualidades. Não é porém, motivo de desesperança e o futuro mostrará que aquilo que não derruba de vez, apenas fortalece.