domingo, 21 de março de 2010

O vazio do fim

Hoje pode representar o fim de um ciclo de dois anos, dois meses e onze dias. É sempre chato pensar que as coisas podem terminar um dia. Quando peguei meus gatos sabia, por exemplo, que eles morreriam algum dia - que espero estar longe. No entanto, mesmo sabendo o quão ruim isso seria, quis tê-los. Quando comecei a namorar, sabia que aqueles bons momentos de paixão e intimidade poderiam se converter em ressentimento e sentimentos de culpa ao final. Não sei se estou sendo muito frio, eu apenas acho que não daria mais para continuar. Claro que eu gosto dela e queria que ela estivesse feliz, mas vejo a relação se arrastando como se fosse um dever: almoçar juntos é como um rito e não um prazer espontâneo assim como qualquer outra coisa. Não quero uma pessoa que esteja comigo apenas por mera acomodação.

Agora estou me sentindo terrivelmente deprimido por isto. É como se houvesse um vazio agora. Por que as relações humanas são tão efêmeras?

No que os humanos se diferem dos animais se suas relações são tão frágeis e confusas, com laços que apenas de maneira ilusória conseguem ser mais profundas que estes? Construímos vínculos para colorir o impassivel enredo de relações que são apenas fruto das momentâneas necessidades e mutáveis interesses humanos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Sonho fantástico

No final da tarde de hoje, fatigado pelo desenrolar de uma semana corrida acabei dormindo. Não percebi direito como e nem quando, eu fui me deitando e quando percebi, já eram passadas duas horas quando um telefonema me acordou. Mas durante este tempo, tive um dos sonhos mais complexos que me lembro. Tudo ainda é esparso, vou contar em tópicos e pode ficar meio desconexo, mas de alguma forma, durante o sonho havia explicação.

1 - Eu estava usando o carro emprestado de um amigo para trabalhar e para uso pessoal também. Eu não sei dizer o que houve com minha moto, isso não é mencionado. O problema é que o carro do meu amigo não é um qualquer, é uma viatura. Por várias vezes eu sai e esqueci de trancar o carro e nada aconteceu. No entanto, um dia quando eu voltava para o carro, depois de ter ido em uma loja, encontro duas pessoas no banco da frente. Eu coço meus olhos, penso que não enxerguei direito, que me enganei. Então olho com mais atenção e chego quase a encostar no vidro. Um deles me vê, sai do carro calmamente e saca um revolver. Ele tem a mesma cara com bigode de um personagem do filme "Os Duelistas" que passei hoje na escola no terceiro colegial. Eu aceno para este cara com sinal de rendição e me afasto. 

Só que eu preciso do carro, e outra, ele não é meu. Assim, volto a tentar contato e percebo que os dois são policiais e que eles tomaram conta do carro por considerarem que é deles. O mesmo homem saca novamente a arma e eu levo um tiro e morro. Mas então volto no tempo, tal como no filme "Corra Lola Corra" e tento agir diferente, me escondo no meio das pessoas que passavam por ali e vou andando até entrar numa loja qualquer. As pessoas da loja gritam e escandalizam sabendo o que vai acontecer. Então eu tento me esconder bem, no meio das roupas e consigo escapar.

2 - Agora estou chegando na escola, o Moderno, mas estou em cima da hora. Tomo um café bem rapidamente e vou pra sala. Estou passando um filme no salão nobre. A classe é o terceiro ano. Em determinado momento, eu desço, preciso pegar meus diários no meu armário na sala dos professores. No caminho encontro a Iza, uma velha que foi minha professora na faculdade. Ela é a diretora do Moderno no meu sonho, enquanto a Dona Nadir - diretora real - no sonho é a vice. A Dona Nadir está na sala dos professores conversando com uma professora que agora não me recordo exatamente. Elas conversam sobre a saída iminente da Iza da direção por questões de idade. Assim a Nadir assumiria o posto, mas seria preciso um vice novo. Fico surpreso quando a Nadir me convida, diz que eu posso me candidatar e que haverá uma votação entre funcionários da escola. Questiono alguns colegas e eles não querem se candidatar, então eu digo que vou pensar e que ainda no mesmo dia daria resposta.

Estou agora no corredor da escola, pergunto para a professora Marta se ela acha que eu tenho chances de ganhar a votação e virar vice diretor, ela acredita que é possível e eu resolvo oficializar minha candidatura. Agora estou no pátio e vejo um aluno triste, quase chorando, parecia ser um aluno do ensino fundamental, oitavo ano. Eu abordo ele e pergunto o que há. Ele se senta e diz que quer compartilhar comigo do seu problema. Mas quando abre a boca começa apenas a falar sobre as refeições que fez, mas com o semblante triste, como se estivesse falando o motivo de estar assim. Eu não consigo entender, mas vejo a diretora passando e quero mostrar que posso ser um bom vice, então eu procuro fazer que entendo o que ele está dizendo e tento conforta-lo falando o que eu almocei no dia anterior. Ele não diz, mas eu consigo sentir que ele pensa que estamos tendo uma conversa profunda e esclarecedora, por suas feições. Então eu levanto e converso com uns outros alunos. e encontro o inspetor, a figura mais estranha do meu sonho. Ele se chama André, ele simplesmente não existe, mas no sonho ele ocupa o lugar do inspetor Mauricio. Ele é mais jovem, moreno quase negro, com uma expressão meio irônica e um tanto temperamental, como pude observar mais tarde.

3. Estou na escola ainda e vou até meu carro. Eis que vejo uma anêmona com um revolver me ameaçando. Eu fico bastante tenso e tento me esconder, digo a todos que é a segunda vez que sou ameaçado de morte naquele dia, mas as pessoas apenas tentam me tranquilizar. Só que eu sei que ele está lá, a anêmona, ou policial ou seja lá quem for. Na verdade quem me assustava era o revolver. Em determinado momento minha mente deu um close na bala do revolver e fiquei pasmo imaginando que ela poderia acabar dentro de mim. Me escondi entre uns galpões que eu nem sabia que tinha na escola, mas pensando bem, algumas coisas estavam diferentes mesmo na escola, o ambiente era levemente mais soturno, fechado, tons de vermelho escuro.

Algo que eu não me lembro acontece, mas a ameaça simplesmente acaba e estou novamente tranquilo. Subo para a classe onde eu estava e o filme acabou. 

4 - Por algum motivo que eu não sei explicar, após o filme foram exibidos uns videos dos meus gatos com os filhotes, eu olhei com atenção ao video e notei que eu estava la, naquele video. Então olhei ao redor e ao invés de ver a classe, eu me vi junto dos gatos. Só que eu não estava em minha casa, quer dizer, estava, mas era a casa da Patricia, eu morava sozinho lá, ou ao menos no quarto dela. Os filhotes estão por toda parte, alguns maiores e já bem autônomos. Eu telefono para a Patricia, peço para ela anunciar os gatos no jornal pra mim, que eu não sei o que fazer, que estou muito ocupado para cuidar deles. Eram cinco filhotes, mas tento contar e conto seis. Estou completamente perdido no meio deles. O Tintim  é um dos filhotes.  Então eu tento colocar eles em ordem, mas vão aparecendo mais e mais gatos e sem que eu perceba os gatos se tornam pessoas, eu olho bem e percebo que na verdade estou na sala de aula, no meio dos alunos e está perto da hora da saida. Eu preciso ir até a porta para evitar que os alunos saiam antes do combinado, assim como os outros professores o fazem. O André está no corredor e ele está tenso, ele quer evitar que qualquer aluno saia. Alguns alunos de outra sala acabam saindo e o André bloqueia eles com o corpo, e eu e outros professores ajudamos ele. Então chega uma funcionária ficticia e tenta passar, aí o André chega ao auge de sua fúria e começa a agredir com socos esta funcionária. Um dos professores é o Valter, ele tenta segurar o André. Eu admito que fiquei uns instantes só olhando, vendo o circo pegar fogo, mas então minha consciência me faz ajudar a segurar o André. Nós pedimos calma a ele. Ele para e fica sem reação, indignado. O telefone toca.

Sei que esqueci muitas coisas, caberia contar muito mais, se eu lembrasse, mas só isso que eu lembrei já foi uma experiência fantástica.