terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Escola da Morte

Prólogo

Um dia eu e meu filho chegamos na cidade. Procurei uma escola para matricula-lo e encontrei o Colégio Netuno localizado na casa número 8 de uma linda praça redonda com um grande relógio de sol no centro. Era uma escola bastante tradicional, daquelas cheias de regras rígidas, onde o horário de estudo pegava o turno da manhã e por três dias na semana, o da tarde. Não havia cantina, apenas uma merenda igual para todos, composta por um sanduiche e um suco, com gastos embutidos na mensalidade.

1º Dia

Meu filho arrumou seu material, uniforme, tomou café da manhã e foi pra escola. Quando voltou, me disse que conheceu quatro garotos, que eram legais e que qualquer dia traria eles em casa para que me conhecessem. Fiquei feliz em ver que tinha se adaptado. Não estava mais triste, com saudades da mãe, estava conhecendo pessoas novas e eu ficava contente em ver o sorriso em seu rosto.

5º, 6º e 7º Dias

Sexta-feira, meu filho voltou da escola, pediu para sair com aqueles amigos de quem me falou a semana toda. Permiti. Iriam dormir na casa de um deles.
Quando voltou, me contou que foram ao cinema, depois foram em uma festa com outros alunos da escola, que conheceram garotas e que depois da festa, passaram a madrugada conversando e jogando cartas. Me falou sobre seus amigos. Rodrigo era o líder da turma, extrovertido, inconsequente, seus excessos eram equilibrados pelo sensato e inteligente Fernando. Carlos era o mais rico e foi na casa dele que dormiram, enquanto que Pedro era tímido, meio depressivo e sempre era animado pelos demais, principalmente por Rodrigo.

Uns seis meses se passaram e a amizade aumentava.

194º Dia

A diretora chamou Rodrigo em sua sala, bravíssima. Quando voltou, meu filho e os outros ficaram sabendo que ele havia colocado uma câmera no banheiro das meninas e planejava ver com seus amigos depois, o filme. Não contou nada porque achava que eles teriam medo. Pelo arquivo da câmera, de fotos pessoais do Rodrigo, a diretora deduziu o dono da câmera e ele confessou. Os quatro ficaram furiosos com Rodrigo, brigaram, não queriam mais falar com ele, de raiva de sua atitude tão impensada. Ao menos tivesse apagado o arquivo da câmera! Que tolice!

197º Dia

Algumas alunas e suas famílias pressionaram e Rodrigo acabou sendo expulso do Colégio Netuno. A escola era tradicional demais para isso. Apenas os quatro amigos resolveram romper o gelo e defenderam Rodrigo, mas não teve jeito.

202º Dia

Nos dias anteriores, os pais de Rodrigo resolveram matricula-lo num colégio interno, com uma disciplina quase militar. Rodrigo sentiu-se tão mal de perder sua liberdade que, quando seus pais saíram de casa, pegou o revolver de seu pai e se matou.

203º ao 208º Dia

Meu filho e seus três amigos ficaram chocados e passaram a rpotestar na escola o tempo todo. Acusavam a diretora de assassina, responsabilizavam-na pelo que aconteceu. Mesmo o mais comedido, Pedro, ameaçou-a de morte. Gritaram tanto na escola que atraíram a inimizade de alguns colegas e professores. Estavam impossíveis. Era setembro e quando eu ia até a escola, sentia que a diretora torcia para aquele ano maldito acabar logo.

209º Dia

Meu filho chegou em casa muito assustado, chorava. Contou que logo após o intervalo, Fernando teve uma crise nervosa e caiu morto. Fiquei espantado ao ouvir aquilo. Imaginava a cena. Nem o conheci, mas ouvia falar muito bem daquele garoto, um estudante exemplar. A escola ficou de luto.

211º Dia

Mais uma morte. Igual à primeira, desta vez era o saudável Carlos, que praticava esportes, que ninguém esperava que fosse ter uma vida tão curta. Suspeitas de conspiração. Parecia que o grupo de meu filho estava causando tanto tumulto que alguém estava de alguma forma matando-os. Será que sua merenda estava envenenada? Foram enviadas amostras para que fossem investigadas. Mas eu devia pensar em algo logo ou meu filho morreria. Restavam apenas ele e Pedro, que estavam visivelmente apavorados, andavam juntos com muito medo.

213º Dia

Pedro não comeu a merenda, apenas bebeu o suco, mas mesmo assim, teve convulsões e morreu ali mesmo, no pátio. Meu filho não chorava mais, não falava mais. Sentia uma tristeza profunda.

214º Dia

Passei o dia procurando uma escola nova para matricular meu filho. Não podia mante-lo nesse ambiente. Acertei com uma escola onde iria começar a estudar na semana seguinte. Meu filho concordou, disse que iria a escola no dia seguinte para se despedir de todos.

215º Dia

Meu filho me ligou, disse que eu devia encontra-lo na rua de trás do colégio que estava mal e não conseguiria voltar pra casa. Me desesperei, não queria acreditar no pior. Quando cheguei lá encontrei-o sentado na cançada encostado em um muro. Fui correndo até ele. Estava vivo ao menos. Chamei-o, não respondeu, balancei seu corpo e então percebi que soltava uma baba. Meu filho estava morto! Maldição! Resolvi ir até a escola reclamar, vi a diretora sendo presa. A merenda deles estava mesmo envenenada! Fiquei indignado, pensava em matar aquela mulher, mas não tive tempo, ela entrou no camburão. Foi encontrado um pote de veneno em sua mesa. Que burrice vulgar, como se expôs dessa forma, aquela serial killer!

216º Dia

Resolvi abrir a mochila de meu filhoe arrumar seus pertences. Encontrei um bilhete, um muito sinistro. Tinha a assinatura dos quatro garotos, excetuando Rodrigo. A letra de Fernando escrevia que deviam passar o produto em seus lanches e comer sem vacilar. Que ele seria o primeiro. E que ao último, meu filho, caberia a tarefa mais difícil., além de assistir a morte de cada um, calado, ele teria que colocar o pote na mesa da diretora, que se ele falhasse, tudo teria sido em vão.
Logo abaixo, um lema escrito com quatro canetas de cores diferentes e letras diferentes, mas que ainda assim era legível, dizia: Um por todos, todos por um. E abaixo, a letra inconfundível, era de meu filho, dizia: Deus nos compreenderá. Voltaremos a nos encontrar, nós cinco.
A diretora então, era inocente. Pegou trinta anos de cadeia. Tomei uma decisão, guardei a folha e nunca, nunca, revelei a ninguém. Na vingança fria e macabra, descobri em meu filho um humano de virtude e em seus amigos, lealdade e coragem que eu nunca teria, não me vendo no direito e tornar estas cinco mortes em vão.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Máquina do Tempo

A grande placa dizia somente: "Localização no tempo - 2202 d.C.". Entreolharam-se um padre francês oriundo, provavelmente do final do século XVIII, uma cientista inglesa da primeira década do século XX, um viking do século IX e uma freira vinda de um mosteiro português do século XVI.
Olhavam assustados. Ao redor, paredes metálicas, painéis digitais, monitores com imagens diversas passando rapidamente, mas o silêncio era absoluto no local. Até que o padre, quando abriu a boca para falar, percebeu que sua voz soava diferente. Na verdade, não diferente, mas falava em um idioma que não conhecia e estranhamente entendia: uma espécie de mistura entre inglês e russo. Notou que era como se todos entendessem o que se colocou a dizer:
- Vocês estão com o governo? Eu morri? Você são anjos do Senhor?
- Anjos? Eu apenas me lembro de estar no laboratório fazendo testes com pólvora. Afinal, estamos em 2202? - replicou a cientista.
- Não, eu acredito que estejamos condenados. A culpa é minha, eu pequei. O senhor é um padre? - perguntou a freira ao clérigo - Preciso me confessar antes que seja tarde.
- Quer dizer que vocês são cristãos? Estamos em um mosteiro? Deve haver muita prata por aqui. Mas eu só me lembro de estar em Hedeby desenhando em meu machado. Será que eu morri e estamos na entrada do Valhala? Mas não pode ser. Não deveriam existir padres aqui. - disse o viking.
- Sim, eu sou um padre. Mas acredito que eu também devo ter pecado, porque estamos juntos no mesmo barco, minha filha. Eu venho da França, não podemos estar em 2202! Estamos em 1789!
Então uma porta se abriu, e entrou um homem de cabelos brancos compridos e barba branca.
- Deus! - disse o padre.
- Então nós morremos e realmente existe Deus? - indagou a cientista.
- Hahaha... de fato, de um jeito ou outro, eu os criei, mas não sou Deus. - disse o estranho homem - Na realidade, cada um de vocês veio de uma época distinta e eu os trouxe. Venham comigo que lhes contarei minha história, que também é a vossa. - terminando de falar em um tom dramático.
Seguiram os cinco para uma sala com geladeiras, fornos de todos os tipos. O homem disse a todos:
- Sirvam-se com o que quiserem! Comam e bebam à vontade. São meus convidados.
O viking serviu-se de pão. Ficou maravilhado com pães cobertos com queijo derretido. Pegou também carne de javali, temperou com mel e bebeu cerveja, mas achou muito estranho o gosto. O padre e a freira serviram-se de frutas e também de picanha. Ficaram com medo de beber refrigerante por causa do gás e das cores estranhas, então beberam água. A cientista comeu uma lasanha bolonhesa e bebeu vinho.
O homem apenas olhava os quatro. Sorria discretamente ao ver a reação dos homens do passado com alimentos que não conheciam. Quando notou que já estavam mais calmos e acomodados, começou a falar:
- Eu sou um cientista russo, já estudei nos Estados Unidos e na Alemanha. Embora a maioria de vocês mal saiba que localizações são estas, enfim, eu trabalhei com um grupo em um experimento chamado Máquina do Tempo. Ficamos três décadas seguidas trabalhando duro com a mais alta tecnologia buscando este sonho. Conseguimos muito apoio financeiro de fundações e então conseguimos alguns resultados.
- O que faz essa Máquina do Tempo? Foi ela que nos trouxe aqui? - perguntou a cientista, maravilhada com as palavras do homem.
- Sim. É uma máquina muito especial. Com ela, é possível visitar o passado, apesar de não termos muita precisão. Prestem muita atenção na história que vou narrar. Vocês serão decisivos para resolvê-la. - falou em tom bastante sério.
Então a máquina ficou pronta. Colocaram um rato em seu interior e ativaram. O rato desapareceu, com a máquina indicando que tinha sido enviado para algum lugar no Oceano Pacífico entre os séculos IV e VII.
- Ainda é muito perigoso o uso desta máquina! - exclamou o homem
- Sim, considerando que a maior parte da superfície terrestre é de oceanos e que não temos precisão suficiente para garantir o lugar onde a pessoa vai parar, a chance de alguém morrer usando a máquina é grande. - disse muito preocupado o colega.
Meses depois, com alguns ajustes, o cientista resolveu que ele mesmo iria usar a máquina. Os outros cientistas acharam perigoso e, ainda, sua mulher estava finalmente grávida, já tinha um mês, mas não podiam impedi-lo. Ele foi o principal responsável por sua criação e achava que era a missão de sua vida. O cientista partiu com seu material, queria fazer experimentos no passado. Ninguém sabia ao certo o que ele planejava. Passou um dia inteiro e ele não voltou. A namorada dele ficou preocupada e resolveu secretamente embarcar também para encontrá-lo. Não sabia exatamente como mexer na máquina e acabou indo parar em uma época muito posterior.
Quanto ao cientista, tinha trazido seu material de genética e clonagem. Ele clonou a si mesmo e reproduziu genes de outros humanos, homens e mulheres. Ficou anos trabalhando nisso e achava interessante que não havia outros humanos por ali, apenas espécies menos evoluídas de símios.
Quando se deu por satisfeito ao criar um grupo bastante razoável de humanos inteligentes que conseguiam sobreviver e se desenvolver sozinhos, se espalhando pelo mundo, disse a eles que precisava partir e que estava muito orgulhoso de ser o criador de todos eles. Estes retribuíram dizendo que nunca iriam esquece-lo e que seriam eternamente gratos.
O cientista voltou e sua mulher não estava mais lá. Ele imaginou que ela teria usado a máquina, mas que nunca mais a veria novamente, afinal, ela poderia ter se transportado para qualquer época aleatória e não saberia retornar.
Enquanto isso, a mulher foi parar na época de glória do Império Romano. Depois de uns dias, desesperou-se, pois entendeu que não conseguiria retornar e foi encontrada por um pastor de origem hebraica. A comunicação entre eles era difícil porque não falavam o mesmo idioma, mas o pastor entendeu que ela era virgem já que ela não queria manter relações com ele, mesmo que ele a tratasse como se fossem casados.
Com o passar do tempo, o pastor notou que a mulher estava grávida e ficou espantado, pensou que algo estava estranho ali, que aquele filho não fecundado poderia ser uma obra do além e resolveu se esforçar para que tivesse um parto decente.
Um dia a mulher olhou no meio de suas coisas um envelope que não tinha visto antes. Abriu, era uma carta de seu namorado, no meio da carta, tinha a seguinte passagem:
"[...] não sei quanto tempo levarei em meus experimentos, encontrarei um lugar desabitado para testar genética e clonagem, criando seres humanos à nossa semelhança e de diversos tipos. Me espere, eu voltarei! Se nosso filho nascer antes de eu voltar, cuide dele com todo carinho, amo muito vocês dois."
A mulher então percebeu que não devia ter feito a viagem no tempo. Ironicamente percebeu que era tarde e que se pudesse voltar no tempo - ou avançar no tempo - não teria feito aquilo. Aceitou seu destino. Teve o filho e o educou contando histórias sobre seu pai. Este filho foi chamado de Jesus e sua história é bastante conhecida, embora muito fantasiada. O fato é que não foi difícil para Jesus chamar a atenção de todos com os pequenos brinquedos tecnológicos que sua mãe tinha trazido na mala, como o estojo de alquimia, onde transformava água em um fermentado de uvas, nem usar as maravilhas da medicina do século 23 para curar cegos. Todos davam atenção a Jesus, que se tornava cada vez mais importante, mais importante até que os tradicionais sacerdotes judeus que antes monopolizavam a fé daquele povo.
Além de tudo, fisicamente Jesus era diferente dos homens que conhecia: ele era branco, com olhos azuis - afinal era um russo. Tudo o que ele dizia, as histórias sobre seu pai que trabalhava em projetos de genética criando seres humanos, fez com que o povo identificasse Jesus como um filho direto de Deus: estava resolvido o mistério da virgem.
Quando nosso cientista, o pai de Jesus voltou ao seu tempo, porém, notou muitas outras coisas. Percebeu que o mundo estava muito diferente, desolado por guerras e viu por todo canto um símbolo em forma de cruz e outros que ele soube depois explicaram a ele que se tratava de religião e fé. Como ele não sabia o que significavam essas coisas, pensaram que talvez a máquina tivesse afetado seu cérebro, causando danos e que era melhor aposentar a máquina.
Como o homem já estava na casa dos 60 anos e com quantia razoável de dinheiro, se aposentou e passou a se dedicar a tentar entender o que havia acontecido. Isolou-se em uma casa numa ilha bem distante de qualquer conflito, perdida no Pacífico sul, onde assistiu a humanidade se destruir. Populações inteiras sendo dizimadas. A terceira guerra mundial foi terrível. Lendo e pesquisando, o homem juntou as peças do quebra-cabeça e entendeu quem era Jesus e o que aconteceu: a humanidade que ele criou, em nome dele e de seu filho, se matava. Percebeu as inúmeras formas que cada povo e etnia via o seu criador, como diferiam e como nenhuma realmente se parecia com ele. Algumas vezes até ria, pensando: "então eles acham que eu criei o universo também? E que eu sou eterno? Que seres imaginativos e criativos eu criei! Que irônico orgulho para qualquer cientista!". E decidiu que deveria dar um jeito de resolver isso.
- Quer dizer que não somos parte de um processo evolutivo? – surpreendeu-se a cientista.
- Mais ou menos. Quer dizer, pelo que eu observei, a lei da evolução não estava errada, mas vocês são uma criação minha.
- E você? – perguntou o padre.
- Acompanhando boletins científicos, descobri que existe grande possibilidade de a humanidade não ter sido parte deste processo. Mas isso ocorre justamente por causa da minha intervenção, que acabou por eliminar todas as espécies menos evoluídas, por meio da supremacia dos humanos mais inteligentes que eu criei e orientei.
- Mas, espere! O que isso tem a ver com você nos trazer até aqui? – perguntou a cientista.
- A humanidade está se extinguindo. As poucas pessoas que restam estão morrendo, acabaram os recursos. Eu tenho apenas estas minhas reservas em minha base aqui nesta ilha, mas, quando acabar, morrerei. Trouxe aqui quatro pessoas aleatórias, por sorte, dois casais, para que consigam reverter a minha intervenção. Em outras palavras, vocês precisam procriar a espécie humana!
A última frase do homem causou um alvoroço nos quatro. A freira se dizia virgem e não concordou. Alegou que tinha voto de castidade, assim como o padre. O homem foi bem direto:
- O voto de vocês foi feito em meu nome e em nome do meu filho. Eu digo que vocês devem ter relações sexuais e rompo o voto de vocês. A humanidade é mais importante que sua virgindade.
- Mas... por causa da guerra, o planeta não está sem condições de vida? – questionou a cientista.
- Sim. Eu esqueci de mencionar. Enviarei vocês ao passado. Não tenho como saber em que época, com precisão, mas terá de ser em um pouco antes de quando eu desembarquei para criar a humanidade. Assim, vocês darão um novo rumo, apagando o meu erro.
Então, o viking disse que não entendeu muito bem a história, mas que aceitaria desde que ele pudesse tirar a virgindade da freira, que continuou revoltada. O homem consentiu.
- Ela não quer. Mas, em nome da ciência, acho que você já está acostumado a invadir mosteiros e estuprar freiras mesmo.
Então o viking pegou a freira pelos braços e tirou as roupas dela usando sua força. Chegou mesmo a rasgar os panos de seu hábito. A freira sequer era depilada e seu cheiro por baixo da roupa não era agradável, mas o viking não quis nem saber. Estava excitado e louco de vontade de fazer a freira sangrar, tirando sua virgindade.
- Minha pureza! Não! Ahhhhhh! Ahhhhhh!! Socorro, me ajudem, não faça isso! Ahhh! – aos poucos a freira acabou cedendo. Não que estivesse gostando, mas no fundo, achou o viking atraente e começou a tentar se convencer de que era a vontade de Deus. Afinal, Ele estava do lado dela, torcendo. Enfim o viking gozou, urrando de satisfação.
O padre ficou perplexo e rezou para que tudo aquilo acabasse.
- Está rezando para quem, padre? Eu sou seu criador, pode falar diretamente comigo! Hahaha... E além disso, acho que a cientista gostou de você.
- Eu entendi minha sina.Em nome da ciência e pelo bem da humanidade, eu aceito. – disse a cientista.
- Esperem. Eu preciso confessar uma coisa. – disse o padre em tom de suplica e prosseguiu – Eu não gosto de mulheres. Como não queria me casar, eu me tornei padre.
- Pelo amor de Deus! – riu ironicamente o homem – Eu não acredito que trouxe aqui um padre viado!
- Deus é homofóbico? – perguntou a cientista.
- Eu não sou Deus e não, não sou homofóbico. Se você for homossexual, que seja, mas ao menos faça um sacrifício por aquele que te criou, dê umazinha com essa cientista loira e em plena forma! Quantos homens não iriam querer essa oportunidade?
- Não consigo! – disse chorando – Eu sinto nojo só de pensar.
O homem quis ser compreensivo e prático. Pegou um pano e sugeriu a cientista que usasse como uma venda no padre, para que ele não visse o que estava fazendo. E perguntou ao viking, já relaxado em um canto, se ele não podia ajudar indo por trás do padre e excitando-o.
- De jeito nenhum! Eu não gosto de homens. Mas já que o padre não quer, eu posso resolver o problema da cientista... – e olhou com uma cara de tarado para a mulher.
- Não pode. Senão os filhos serão irmãos e corremos um risco grande de ter problemas com os descendentes. – e resolveu então pegar um pepino na dispensa. Virou-se para a cientista e sugeriu que o usasse para excitar o padre.
Neste momento, o clérigo ficou apavorado e quis fugir. O viking o alcançou, segurou seus braços nas costas enquanto a cientista vendava-o e logo depois ela tirou a batina dele e cuspiu no pepino com o intuito de lubrificá-lo. Quando estava bem úmido, enfiou aos poucos em seu ânus, estimulando a próstata. O padre tentava gritar, mas o viking ameaçava machucá-lo e então ele se conteve, até que foi ficando excitado. Foi daí que a cientista se despiu e começou a se esfregar no padre, falando coisas obscenas em seu ouvido:
- Imagine a vara do viking no seu rabo, agora me coma. Veja como seu pau está duro! Eu sei que você quer. – sussurrou enquanto passava as unhas no peito do clérigo. Assim se seguiu até o padre gozar e se liberar totalmente.
Pediu ao seu criador que transasse com ele também. Nem sabia mais o que estava dizendo.
- Eu não posso, não tenho mais pique, mas muitas aventuras sexuais esperam vocês no meio do mato.
Ao falar isso, foi preparar a máquina do tempo e disse:
- No meu mundo, não havia religião. Lembrem-se: não digam a ninguém que vocês são criadores e nem nada disso. Apenas levem uma vida ao natural, que daqui há muitos séculos, a humanidade estará novamente à todo vapor. Aliás, se vocês pensarem bem, eu é que sou um descendente de vocês.
- O que? – perguntou a cientista, entrando em parafuso.
O homem abriu a câmara da máquina e pediu que entrassem. Quando estavam dentro da câmara, ele respondeu:
- E é possível que eu continue a ser eternamente, por infinitas vezes... – e sorriu.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Ruslan - parte II

Continuação da história iniciada neste post.

Na manhã seguinte, Anne voltava para a cidade. Queria saber o que aconteceu, afinal.

Descobriu que infelizmente estava certa. Casas destruídas, corpos de cadáveres espalhados pelo chão. Desolação total. A igreja da vila, uma construção mais resistente, em estilo gótico primitivo estava de pé, mas seus vitrais estavam quebrados e sua porta de entrada tinha tombado. Ouviu algum barulho vindo lá de dentro e resolveu entrar, já que pensava que ninguém tinha sobrevivido na cidade.

Alguém poderia ter tido a mesma idéia que ela e se ausentado durante a noite, afinal. Ou poderiam ser as tropas inimgas. Deveria entrar com todo cuidado, então. Ao entrar, viu Marc e Viga ao centro da igreja, conversando. Sentiu uma ponta de felicidade em encontrar os dois juntos e vivos. Foi até eles.

Viga:
- Anne. Então você está viva. Que bom vê-la, conseguimos escapar porque fomos avisados do que estava pra acontecer, mas não tivemos permissão de avisar ninguém! Como sobreviveu?

Marc:
- Por onde esteve, cara Anne!

Uma voz soturna e agoniosa cortou o diálogo:
- Meu sobrinho! Está morto! Meu sobrinho! Berg!

Os três olharam a figura idosa, de olhos grandes e vivos, o tio de Berg.

Marc:
- Eu lamento. É muito triste a tragédia que aconteceu graças a essa guerra infeliz!

Tio:
- Ele não morreu pelo incendio e nem pelas armas dos soldados. O corpo de meu sobinho estava todo destroçado como se alguém tivesse arrancado partes de seu corpo que tem marcas de algo como... dentes!

Silencio total. Entreolharam-se com faces de perplexidade.

Viga:
- Espere. Como você sobreviveu?

Novo silencio...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Projeto Forseti

Resolvi também me aventurar na literatura, conheçam o projeto Forseti:

http://projetoforseti.blogspot.com

Trata-se de uma história meio fantástica que eu estou criando, dividida em capítulos. Cada post é um capítulo e então, a periodicidade deverá ser semanal, mas flexivel. Quem lê este meu blog, não precisa se preocupar, não pretendo desativar este.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Leis da Natureza

É possível, através da dedução, compreender o mundo de tal forma a criar leis gerais sobre seu funcionamento? O começo deste texto pode parecer meio tedioso, mas os dois exemplos que darei são fundamentais para que eu explique porque penso que não é possível a compreensão.

No método científico, à grosso modo, partimos de uma tese que embasada em fatores, se torna hipótese. Então, através de pesquisas, busca-se evidências, busca-se provar a hipótese e teremos uma lei, que, como aconteceu inumeras vezes foi posteriormente desbancada por novas e mais aprofundadas leis.

No direito, um grupo de pessoas - que pode ser pequeno ou grande - cria as leis que vigoram dentro de um determinado espaço, seja uma nação, uma cidade, um estado, enfim. O que importa é que sempre existe um grupo (mesmo em ditaduras) que tem o poder de atualizar as leis, de modifica-las para adapta-las às novas situações.

O que quero dizer com isso é que mesmo um país e mesmo a ciência não são compreensíveis porque eles mudam a todo instante e suas leis também precisam mudar. Então, a compreensão de qualquer coisa é meramente temporal. Eu compreendo que uma caixa é quadrada e esta minha compreensão sobre ela será válida até o dia que ela for amassada e rasgada por meus gatos. Então, a minha idéia de caixa quadrada não corresponderá mais ao real. E isto é apenas um exemplo banal, porque todas as outras coisas do mundo se modificam e, a maioria delas, muito mais rapidamente que uma caixa.

Sendo assim, não acredito ser possível estabelecer leis. Mesmo leis de convivência como se propõe os dez mandamentos perdem a valia. Que dizer do "Não Matarás" em casos que muitos e inclusive eu, apoiamos, de legítima defesa, aborto ou eutanásia? Ou ainda, sabendo que mesmo quando desperdiçamos alimento ou quando compramos de empresas com ações na industria bélica, estamos indiretamente ferindo o tal mandamento?

Digo mais: se a morte é um processo natural e nós, seres humanos, somos parte da natureza, que surgimos em um processo evolutivo graças à interação com o natural, então, matar uma pessoa é um processo natural, a própria seleção natural funciona aí de maneira muito mais complexa do que conhecemos na aula de biologia. A industria e as transformações que o homem faz na natureza são processos naturais.

O artificial não é senão um subconjunto da natureza e quem terá a pretensão de ditar as leis da natureza? Eis que a natureza não é um processo acabado. Está em constante transformação - e somos parte disso - e não sabemos como ela reagirá nas próximas décadas então, é impossível compreende-la em absoluto.

Como já apontava Marx há dois séculos, perde-se tempo buscando a compreensão total do mundo enquanto ele está em constante transformação, convem então utilizar o que se tem de conhecimento para incidir ativamente sobre ele, transforma-lo. Isto significa que exista um sentido histórico ou uma missão para a humanidade? Não necessariamente, neste ponto é preciso discordar de Marx para não cair em um novo dogmatismo. A sociedade não tem um fim, nada precisa ser conservado e é preciso adaptar as estratégias que visem a liberdade nas relações sociais, a auto-superação nas artes e na ciência sem limites. O prazer sem culpa, a felicidade sem devoção. Não porque isto é o "fim da história" ou o certo a se fazer ou o mais científico, mas porque é uma forma de fazer a vida em sociedade valer a pena.